08 janeiro, 2012

Solidão... ou escolha?

"Amores serão sempre amáveis." (C. Buarque)

Outro dia conversava com uma amiga que dizia que estava cansada de ficar sozinha e que não aguentava mais não namorar. Disse a ela que ela continuava sozinha porque era do desejo dela. Ela relutou e disse que eu não sabia de nada. E o fato é que por muito tempo pensei como ela.
Hoje percebo bem que se temos alguém a nosso lado que não nos satisfaz ou que nos traz algum sofrimento é porque essa pessoa atende a alguma outra necessidade que talvez a gente nem perceba, mas no momento é mais importante e mais forte. Da mesma forma que se não temos ninguém a nosso lado pode ser porque, de alguma forma, preferimos isso; ou por medo, ou por egoísmo, ou por achar que ninguém é bom o suficiente, mas é sempre uma escolha NOSSA.

Ninguém está destinado a ficar sozinho: a solidão afetiva é uma escolha pessoal como a maior parte dos caminhos que tomamos na vida. Ela não é obra do acaso ou da falta de sorte. A gente escolhe estar sozinho ou acompanhado baseado no nosso entendimento daquilo que é melhor para nós e daquilo que não vai nos fazer sofrer.

Por dez anos tenho sido uma solteira convicta. Venho colecionando uma série de (des)experiências amorosas com os mais diversos tipos de perfis, que se resumem a um que apenas NÃO inclui aquele que me desestruturaria PRINCIPALMENTE intelectualmente. A verdade sempre foi... se me ameaça, eu fujo. Ou me entedio. Como é isso? As pessoas com que fiquei/ me interessei/ cheguei a sair ao longo desses anos possuíam quase todas o mesmo perfil destinado a me "desagradar"... De certa forma, me interessando sempre pelo mesmo perfil que fatalmente me decepcionaria eu estava "liberada", da minha cobrança consciente inclusive, de quaisquer exigências que nossa cultura pode ter... já que "eu tentei ué, ele que errou".
Apesar de eu passar longe de ser qualquer pessoa perfeita, sigo cobrando perfeições. E descarto pessoas à primeira quebra de expectativa. Se isso é triste? É muito... Meus padrões são tão altos que acho impossível a qualquer ser minimamente humano atendê-los algum dia. Mas o fato de eu ter consciência disso não faz com que eu consiga me livrar disso... e eu vou classificar e vou rotular e vou matar raízes antes que elas cresçam e me prendam. Porque pode ser muito mais difícil estar presa ainda que amada. Porque a vulnerabilidade assusta e a insegurança apavora. Porque sentir... me afasta da sensação de controle tantas vezes imprescindível e necessária. Mesmo que burra. Porque eu vou exigir certezas mesmo que eu nunca as tenha. Porque vou inventar histórias que me transformam... na versão que eu quero de mim.
O papo do início era com a amiga, mas acho que no fim quis (re)dizer foi para mim. Se uma pessoa sempre projeta alguém irreal ou que não pode ter, no fundo ela não pode querer ter, certo? Da mesma forma que a conversa, acho que talvez também seja para mim, e apenas para mim, que hoje posto Bjork e a reflexão que ela traz com esta música. All is full of love.... A gente só não vê se não quiser. Só não recebe se não quiser. No fundo, é simples assim.
Por Elenita Rodrigues.
Solidão ou escolha? estou preferindo  solidão, se querer o amor verdadeiro é o mesmo que dizer que os meus padrões são altos, então sim meus padrões são altissimos quero alguém que me ame mas que eu ame também, recíprocramente nada de o meu amor é maior e por nós dois...

Um comentário:

Rodrigo disse...

Elenita: " As pessoas com que fiquei/ me interessei/ cheguei a sair ao longo desses anos possuíam quase todas o mesmo perfil destinado a me "desagradar"... De certa forma, me interessando sempre pelo mesmo perfil que fatalmente me decepcionaria..."

Tu sempre era atraída para o mesmo perfil, e estas pessoas sempre te agradavam, duas hipóteses: Ou tu gosta de sofrer ou tu abre mão deste perfil.


Joice: Concordo, minha vó me diz "quando um não quer, dois não brigam". Elevar os padrões faz parte de nossa valorização, ("não fui concebido no lixo!"), mas elevá-los extremamente nos promove á uma solidão narcisista, "só nós mesmos para nos entender".

Abraços.